segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Re(parto).

Com ela eu repartia a casa
Repartia a cama
Repartia o amor e uma maçã
Com ela eu repartia um livro
Repartia dores
Repartia o orgasmo e o afã
Com ela eu repartia as contas
Repartia um prato
Repartia até ilusões
Com ela eu repartia um doce
O último cigarro.
Repartia minhas canções

Com ela eu repartia o verbo amar
Com ela eu repartia o vocativo “amor!”
Com ela eu repartia o “sim!”, no altar
Com ela eu repartia o lugar pra onde for

E ela me deixou partido, quando simplesmente partiu
O parto morto, filho sem sentido
Visto o terno preto do meu luto
Descrevo minha luta
Num papel que ela nunca viu.

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