quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Elegia ao Tempo

Faz anos
não começo um poema pelo nome
Nem atiro aquelas antigas palavras a esmo.
nem os jogos de palavras
nem o jeito Metafórico
nem nada
Nem O nada

Foi ele.
Foi ele meu medo e meu vilão
Que me fez compositor de poesias corretas, correlatas e bem pensadas
Foi ele meu algoz
Meu carrasco atroz e furioso

Mas quem é ele?
E o que é ele?

Resposta sem tema.

Que ninguém no mundo poético
respondeu ao certo

Até a letra manuscrita
ficou mais bonita
e o verso, e a rara, rima.
E a métrica metódica.
e a metida metalinguagem do experimento poético.

Ele, ele
Lhes direi:
Aos santos que ainda vivem
ou ao menos lêem vagos poemas
(quem dirá toda ciência de poesia)

Ele é o tempo.

Que te dá vida
e amores
e aparta dores
trás alegria
e fios brancos
e cicatrizes e rugas.
e aquelas antigas palavras arremessadas.

Que faz crescer teus filhos
e cair a pele
e morrer as flores
e nascer o sol
e passar o dia e entrar a noite.

Segundos, milênios
guerras, armistícios, paz, aliança
Outra guerra.

Foi o tempo, meus caros
que mudou meu tempo, meu tom
meu verso e universo

foi o tempo que apenas e tão somente passou.
e ele insistentemente, como disse disse outrora um lindo poeta.
"Não pára".

2 comentários:

  1. O tempo muda o mundo, e o desvira enquanto gira o que havia mudado e, no fim, desvira de novo, se for preciso, até transformar o intransformável.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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